Qual é o tratamento para zumbido e tontura?

Zumbido (ou tinnitus) e tontura são sintomas comuns que impactam a qualidade de vida de muitas pessoas. O desafio para lidar com essa queixa está no fato de que eles podem ter múltiplas causas, auditivas, vestibulares, metabólicas ou mesmo emocionais e exigem uma investigação cuidadosa para a definição adequada de tratamento.

Neste artigo, você verá as principais causas, as evidências de tratamento e como uma abordagem integrativa pode ajudar a alcançar melhores resultados.

Diagnóstico: causas comuns de zumbido e tontura

Antes de propor qualquer tratamento, é essencial identificar a causa ou combinação de fatores que geram os sintomas:

  • Distúrbios auditivos: perda auditiva relacionada à idade (presbiacusia), exposição a ruídos altos, disfunção da cóclea ou lesões nas células ciliadas.
  • Distúrbios vestibulares: doenças do labirinto, neurite vestibular, síndrome de Ménière.
  • Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB): deslocamento de cristais no ouvido interno.
  • Problemas circulatórios ou vasculares: má circulação, hipertensão, alterações vasculares.
  • Desequilíbrios metabólicos e hormonais: distúrbios da tireoide, diabetes, alterações hormonais.
  • Distúrbios cervicais ou disfunção da articulação temporomandibular (ATM): tensão muscular, desalinhamento cervical ou disfunção mandibular podem gerar zumbido ou tontura.
  • Fatores emocionais e estresse: ansiedade, privação de sono ou estressores crônicos amplificam os sintomas.
  • Uso de medicamentos ototóxicos: alguns fármacos podem agravar ou desencadear zumbido.

Em muitos casos, não há uma causa isolada e os sintomas desencadeiam-se a partir da interação de múltiplos fatores.

Um bom diagnóstico depende de uma investigação completa que contemple anamnese detalhada das queixas, exame otorrinolaringológico, auditivo, avaliação vestibular, exames de imagem, exames laboratoriais, avaliação multidisciplinar e revisão medicamentosa.

Nem sempre é necessário fazer todas essas avaliações e a necessidade será determinada pela evolução da investigação.

Com base nesses dados, o médico pode definir uma estratégia terapêutica personalizada.

Possibilidades de tratamentos para zumbido e tontura

Reabilitação vestibular (VRT / terapia vestibular)

A reabilitação vestibular, realizada por fisioterapeutas experientes, consiste em programas de exercícios que estimulam a adaptação e compensação vestibular. Ela busca:

  • melhorar a estabilidade da postura
  • reduzir a sensação de vertigem
  • integrar o funcionamento visual, proprioceptivo e vestibular

Revisões sistemáticas mostram que a terapia vestibular baseada em exercícios traz benefícios para sintomas crônicos de tontura, equilíbrio e qualidade de vida.

Em casos de início agudo, iniciar a reabilitação precocemente, associada a medicamentos como corticosteroides, pode trazer melhores resultados.

Estudos também apontam para potencial de reabilitação vestibular em ambientes virtuais (VR), com melhorias nos índices subjetivos de tontura (ex: Dizziness Handicap Index).

Terapia sonora / mascaramento / aparelhos auditivos

Para o zumbido, especialmente quando há perda auditiva associada, a utilização de aparelhos auditivos com recursos de mascaramento sonoro ou terapia sonora pode auxiliar o cérebro a “ignorar” o som percebido.

Outra técnica é a terapia de reestruturação do tinnitus (TRT), combinada com aconselhamento e som de fundo, considerada uma abordagem de referência em muitos protocolos.

Além disso, intervenções via Internet e plataformas digitais mostram potencial como complemento no tratamento de tinnitus e reabilitação auditiva.

Tratamento medicamentoso

Os medicamentos podem ser utilizados como coadjuvantes, de acordo com o diagnóstico:

  • Betahistina: muito usada na prática clínica para doenças vestibulares, embora evidências sejam consideradas incertas.
  • Antivertiginosos e antieméticos: para episódios agudos de vertigem.
  • Corticosteroides: em casos de neurite vestibular ou inflamações agudas.

Quando há infecções associadas, pode ser indicada terapia antibiótica.

Suplementos como vitamina B, zinco ou ginkgo biloba: usados em casos selecionados, com moderação.

Importante: o uso isolado de medicamentos não substitui abordagens reabilitativas e modificações de estilo de vida.

Modificações no estilo de vida e terapias complementares

A medicina integrativa pode atuar como parte complementar ao tratamento convencional:

  • Controle do estresse e técnicas de relaxamento (meditação, biofeedback, yoga) — estresse elevado pode intensificar a percepção do zumbido.
  • Sono de qualidade: distúrbios do sono agravam sintomas.
  • Dieta anti-inflamatória: reduzir sal, cafeína, açúcar e alimentos ultraprocessados.
  • Exercícios regulares: melhoram a circulação, o equilíbrio e ajudam no controle do estresse.
  • Tratamentos complementares: acupuntura, fitoterapia e outras abordagens integrativas podem ter papel coadjuvante em casos selecionados.

Reequilíbrio hormonal ou investigação de fatores metabólicos quando indicado.

Intervenções específicas e em casos refratários

  • Manobras específicas: para VPPB, manobras de reposicionamento como a manobra de Epley ou Semont são eficazes e rápidas.
  • Cirurgia ou dispositivos de implantação: em casos selecionados e graves, quando há compressão vascular ou lesões estruturais.
  • Estimulação vestibular galvânica, estimulação magnética ou tecnologias emergentes podem vir a ser opções, mas ainda demandam mais evidências.

Quando buscar atendimento especializado

Procure um otorrinolaringologista se:

  • A tontura for intensa, frequente ou persistente
  • O zumbido piorar progressivamente
  • Aparecer perda auditiva súbita
  • Houver queda, instabilidade, náuseas graves ou alterações neurológicas

Quanto mais precoce for a avaliação, maiores as chances de controle e melhoria. A investigação integral evita tratamentos genéricos e direciona para melhores resultados.

Conclusão

O tratamento de zumbido e tontura não segue um protocolo único. A chave está no diagnóstico preciso e em uma estratégia personalizada que combine:

  • intervenção médica
  • reabilitação vestibular
  • terapia sonora
  • modificações no estilo de vida
  • práticas integrativas

Se você está enfrentando esses sintomas, agende uma avaliação especializada para descobrir a abordagem ideal para o seu caso.

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